Xantoma Plano
30/01/2025
O xantoma plano é uma manifestação dermatológica caracterizada pelo depósito de lipídios na derme, resultando em lesões de coloração amarelada ou amarelo-alaranjada, de aspecto maculopapular ou em placas discretamente elevadas. É o tipo mais comum de xantoma.
Epidemiologia. O xantoma plano é uma entidade rara, cuja prevalência exata na população geral é desconhecida. Pode manifestar-se em qualquer faixa etária, sendo mais frequente em adultos de meia-idade e idosos. A condição não apresenta predileção por sexo ou etnia.
Etiopatogenia. A patogênese do xantoma plano envolve a deposição dérmica de macrófagos transformados em células espumosas devido à fagocitose de lipídios, predominantemente colesterol. A condição pode estar associada a hiperlipidemias primárias ou secundárias, além de doenças hematológicas, como gamopatias monoclonais e discrasias plasmocitárias. Em casos normolipidêmicos, alterações na composição e no metabolismo das lipoproteínas podem estar implicadas. Em aproximadamente metade dos casos, ocorrem na ausência de hiperlipidemia e hipercolesterolemia.
Manifestações clínicas. Os xantomas planos se apresentam principalmente como máculas, e raramente, formam lesões elevadas. Eles podem ocorrer em qualquer local, porém quando acomete as pregas palmares é característico da disbetalipoproteinemia do tipo III. Os xantomas planos difusos formam regiões amareladas ou alaranjadas na derme, geralmente afetando a pele das axilas, pescoço, ombros ou nádegas. Este é um tipo raro de xantoma, geralmente não relacionado à dislipidemia. A presença dele deve alertar para a possibilidade de gamopatia monoclonal ou distúrbios linfoproliferativos. Diferentes classificações de xantomas planos têm sido apresentadas e, em geral, diferenciam-se em dois grupos: 1) xantomas planos com aumento do nível sérico de lipídios; 2) xantomas planos com nível normal de lipídios séricos. As áreas de predileção incluem as pálpebras (Xantelasma palpebral ), face lateral e pescoço, parte superior do tronco incluindo os ombros, áreas de flexão, áreas interdigitais e palmas das mãos.
Diagnóstico. O diagnóstico de xantomas é geralmente fácil e baseado no quadro clínico. Em casos pouco claros, a biópsia de pele para exame histopatológico é indicada quando se evidencia histiócitos espumosos na derme, frequentemente dispostos em arranjo perivascular. Xantomas associados à dislipidemia e aterosclerose precoce (xantelasma, xantomas tendinosos e tuberosos) requerem investigação adicional. As histórias pessoais e familiares podem elucidar distúrbios metabólicos ou doenças cardiovasculares, bem como o tempo de manifestação no paciente e seus familiares de primeiro grau. A investigação laboratorial inclui perfil lipídico completo e eletroforese de proteínas séricas, visando detectar hiperlipidemias e discrasias plasmocitárias.
Diagnóstico Diferencial. Inclui diversas dermatoses e condições sistêmicas com manifestações cutâneas semelhantes:
• Xantogranuloma necrobiótico – placas infiltradas e amarelo-acastanhadas, geralmente associadas a mieloma múltiplo.
• Sarcoidose cutânea – pápulas ou placas infiltradas, podendo apresentar coloração amarelada.
• Amiloidose cutânea – lesões cerosas ou pápulas amareladas, associadas a depósitos dérmicos de amiloide.
Tratamento. A abordagem terapêutica baseia-se no manejo da condição subjacente. Nos casos associados à hiperlipidemia, o controle dos níveis lipídicos é essencial e pode ser alcançado com estatinas, fibratos e inibidores da PCSK9. Em lesões persistentes ou de impacto estético significativo, intervenções locais, como laserterapia (laser CO₂), peelings químicos ou excisão cirúrgica, podem ser consideradas.
Prognóstico
O prognóstico depende da etiologia subjacente. Em casos associados a distúrbios metabólicos controláveis, pode haver regressão parcial das lesões. No entanto, quando há envolvimento hematológico, a evolução clínica está atrelada à progressão da doença primária.O curso da doença em geral é benigno e se resolve espontaneamente.
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