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Tinha Capitis

Trata-se de uma infecção fúngica superficial da pele do couro cabeludo, sobrancelhas e cílios com afinidade para acometer os folículos pilosos e fios de cabelo.
Os agentes causadores da tinha da barba e do couro cabeludo forma descritos pela primeira vez por Remak Schonlein em 1930. Cerca de 50 anos depois, demonstrou-se que há várias espécies de fungos responsáveis pelo problema. O tratamento eficaz com griseofulvina só tornou-se viável em 1950.

Etiopatogenia: Tinha capitis é causada por fungos dermatófitos do gêneroTrichophyton e Microsporum, sendo o Trichophyton tonsurans o principal agente, responsável por 90% dos casos. Os fungos dermatófitos são queratinofílicos, capazes de invadir a camada mais externa a pele, e seus anexos, como cabelos e unhas. A partir do local de inoculação, as hifas do fungo crescem centrifugamente no estrato córneo. O crescimento do fungo continua para baixo do cabelo, invadindo a queratina. Pêlos infectados são frágeis e cabelos tonsurados tornam-se visíveis após a terceira semana.

Três tipos de invasão fúngica são vistas:
– Ectotrix: A infecção caracteriza-se pela invasão externa da haste do cabelo. Os agentes mais comuns são Microsporum canis, Microsporum gypseum, Trichophyton equinum, e Trichophyton verrucosum. Fluorescem a luz de Wood.
– Endotrix: A invasão fica confinada dentro da haste capilar, tendendo a cronicidade, podendo ser erradicadas apenas com tratamento sistêmico. Todos os agentes que produzem parasitismo endotrix são antropofílicos(Trichophyton tonsurans, Trichophyton violaceum). Não fluorescem a luz de Wood.
– Favosa: Geralmente causada pelo T. schoenleinii, apresenta crostas repletas de hifas, as escútulas fávicas. Apresenta perda de cabelo correspondente e pode evoluir para alopecia cicatricial.
A transmissão ocorre pessoa a pessoa, e as hifas podem permanecer viáveis em escovas, pentes, prendedores de cabelos e travesseiros por longos períodos.

Epidemiologia: Acomete predominantemente crianças e adolescentes, e eventualmente adultos HIV positivos. É a infecção fungica pediátrica mais comum no mundo, respondendo por 92% das dermatofitoses em crianças menores de 10 anos. Rara em adultos, ocorre eventualmente em pacientes idosos e imunodeprimidos A predileção pela idade pediátrica deve-se a ação fungistática dos ácidos graxos de cadeias curtas e médias do sebo produzido pós-puberdade.

Quadro clínico: O quadro se inicia com uma pequena pápula eritematosa em torno do fio em couro cabeludo, sobrancelhas ou cílios. Após alguns dias, os cabelos tornam-se quebradiços, e fraturados a alguns milímetros acima da pele, caracterizado por cotos de cabelos ainda implantados. A lesão cresce, e adquire aspecto anular de crescimento centrífugo.

A tinha tricofítica evidencia múltiplas áreas de tonsura, enquanto a tinha microspórica mostra placa única e maior de fratura.



Tinha tricofítica – múltiplas peuqenas áreas de tonsura



Tinha microspórica – placa única grande de tonsura

Em alguns casos, uma placa inflamatória eritematosa e dolorosa com presença de pústulas, provocada por reação inflamatória ao fungo pode vista, chamada Kerium Celsi. Se a reação inflamatória for intensa ou persistente pode evoluir para alopecia cicatricial.



Kerium Celsi

Outra forma severa de tinha capitis é a tinha favosa. Caracetriza-se por crostas amarelas, conhecidas como escútulas fávicas, que rodeiam os folículos pilosos infectados. Raro na América do Norte e America do Sul, é mais freqüentemente vista na África, Mediterrâneo e Oriente Médio. Também pode evoluir para alopecia cicatricial. Exame micológico direto em hidróxido de potássio (KOH) 10 a 20% e cultura para fungos identifica o gênero do fungo e devem ser solicitadas.
A lâmpada de Wood pode auxiliar o exame. Evidencia fluorescência esverdeada para Microsporum e amarelo dourado no T. schoenleinii.

Tratamento: A opção terapêutica será determinada pela espécie do fungo, grau de inflamação, e pelo status imunológico do paciente.
A griseofulvina oral ainda é o tratamento de primeira escolha. Itraconazol e terbinafina são opções alternativas.
Xampus antifúngicos podem ser associados, mas nunca usados como monoterapia.
Corticóides orais devem ser avaliados em casos de Kerium Celsi.

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