Reticuloide Actínico
Reticuloide actínico (RA) é considerada uma dermatite persistente ou erupção pseudolinfomatosa que afeta predominantemente os sítios fotoexpostos e por doses eritematosas mínimas (MED) severamente reduzidas. Em verdade, tanto o reticuloide actinico, como a reação persistente à luz, o eczema fotossensível e a dermatite de fotossensibilidade crônica são reunidas hoje como uma patologia única: dermatite actínica crônica.
Epidemiologia. Apresenta incidência estimada de 1:6.000, sendo mais frequente em homens idosos com idade superior a 50 anos e tipo de pele mais claro. Os homens com história de exposições ocupacionais ou recreativas importantes no sol são mais comumente afetados. As alergias de fotocontato também são frequentes nesses pacientes, sendo os agentes encontrados em protetores solares os fotoalérgenos mais comuns.
Patogênese. A patogênese não é completamente compreendida, embora se pense que tenha uma base imunológica. De acordo com esta hipótese, observa-se que o infiltrado dérmico na pele é predominantemente composto de células T supressoras citotóxicas CD8 +. A doença é considerada como pseudolinfoma já que histologicamente se parece com linfoma, uma vez que a análise imuno-histoquímica do infiltrado cutâneo revela a presença de células T ativadas, numerosos histiócitos, macrófagos e células B.
Manifestação clínica. A aparência clínica do reticuloide actínico é variável, geralmente caracterizada por erupção eczematosa pruriginosa, distribuídas no rosto, pescoço, dorso da mão, couro cabeludo e tórax, muitas vezes com demarcações acentuadas nas linhas de vestuário. A liquenificação, pápulas e placas eritematosas e infiltradas também podem ser vistas. Embora inicialmente presente exclusivamente em pele exposta ao sol, a doença pode progredir ao longo dos anos para áreas não expostas também. Os pacientes podem apresentar achados cutâneos anormais durante todo o ano, mas a erupção tipicamente piora no verão. Os sintomas geralmente persistem por anos, mas aproximadamente 25% dos pacientes entrarão em remissão em 10 anos.
Diagnóstico. O diagnóstico baseia-se no achado clínico de uma erupção eczematosa persistente que afeta principalmente a pele exposta ao sol em indivíduos mais velhos e a documentação de sensibilidade aumentada (dose eritematosa mínima – MED diminuída) para UVB, muitas vezes para UVB e UVA e luz visível acima de 400nm.
O patch e fotopatch teste são úteis para identificar alérgenos de contato ou fotoalérgenos que agravam a doença.
Histologicamente podem ser observados espongiose, acantose, exocitose de linfócitos, infiltrado inflamatório linfo-histiocitário superficial e profundo. Algumas biópsias podem ter coleções de células epidérmicas similares aos microabscessos de Pautrier e fibrina na junção dermo-epidérmica assemelhando-se a linfoma cutâneo. O principal diagnóstico diferencial clínico e histopatológico a ser considerado é o de micose fungoide. A imuno-histoquímica com anticorpos monoclonais para marcadores de linfócitos pode auxiliar na diferenciação entre estas duas afecções. Um predomínio de linfócitos CD4+ favorece o diagnóstico de micose fungoide já o predomínio de linfócitos CD8+ favorece o de reticulóide actínico.
Tratamento. Como a doença tem caráter crônico, recomendam-se mudanças significativas no estilo de vida do paciente, evitando fatores desencadeantes, como alérgenos de contato, fontes de luz intensa e medicamentos fotossensibilizantes. Os protetores solares de amplo espectro devem ser usados somente após os testes de patch e fotopatch excluir uma alergia ao protetor solar. Embora nenhum ensaio randomizado tenha avaliado, os corticosteroides tópicos, tacrolimus tópico, pimecrolimus e emolientes podem ajudar.