Larva Migrans
Conceito. Infestação freqüente determinada pela presença na pele de parasitas que se movem, daí ser também conhecida como dermatite linear serpeante ou bicho geográfico.
Etiologia. Seu agente etiológico mais freqüente é o Ancylostoma brasiliense, que parasita o instestino de cães e gatos, mas pode também ser determinada peloAncylostoma caninum, A. ceylonicum, Uncinaria stenocephala e Bubostomum phlebotomum.
Ciclo evolutivo. O animal (gato ou cão) defeca e libera no solo numerosos ovos. Em condições favoráveis de calor e umidade estes ovos eclodem e em cerca de um semana transformam-se em larvas infestantes. O homem, ao entrar em contato com o solo contaminado, infesta-se de forma acidental pela penetração da larva na pele. Esta, então, passa a gerar reação inflamatória local, instalando-se intraepidermicamente e determinando por seu deslocamento o surgimento de lesão de trajeto linear e sinuoso, com 2 a 3mm de largura e apresentando na porção terminal uma pápula onde está localizada a larva. A progressão da larva é maior no período noturno, caminhando 2 a 5cm diários.
Clínica. As lesões localizam-se mais freqüentemente nos pés, nádegas e mãos. Podem permanecer inativas por várias semanas ou mostrar atividade precoce com o surgimento de erupção de trajeto tortuoso, com extremidade distal migrante e proximal já mostrando regressão. A larva encontra-se na extremidade migrante gerando intenso prurido e determinando formas bizzaras à erupção. Grande número de larvas podem estar ativas ao mesmo tempo. Pode haver surgimento de vesiculas e bolhas, em casos com intensa reação. Ocorre ainda além da forma migrante típica, a forma papulosa de mais difícil diagnóstico. Trata-se de patologia autolimitada, sendo sua duração variável, de acordo com a larva infestante. Estudos mostram uma duração média de quatro semanas, culminando com a morte da larva, mas podem persitir por até 6 meses. A larva migrans pode ser acompanhada pela síndrome de Löeffler de eosinofilia pulmonar, particularmente nas infestações severas.
Tratamento. Várias terapias tem sido empregadas, como o tiabendazol na dose de 25-50mg/Kg por 2 a 4 dias, mas com efeitos colaterais como anorexia, naúseas, dor abdominal, vômitos, vertigem e cefaléia. Tal droga vem sendo abandonada dada a alta incidência destes efeitos colaterais. Uma opção bastante empregada é o albendazol, pertencente a um grupo de drogas heterocíclicas, muito resistente à inativação oral, sendo utilizado em dose única de 400mg ou 200mg duas vezes ao dia por três dias consecutivos. É droga contra-indicada na gravidez e mostrou-se teratogênica e embriotóxica em ratos e coelhos. Entre os anti-helmínticos mais promissores destacamos a ivermectina administrada em dose única de 200mcg/Kg. para adultos e para crianças abaixo de 5 anos 150mcg/kg. Nos casos de infestação mínima, indica-se somente o tratamento tópico com pomada de tiabendazol 5-15% por um período de uma até duas semanas.