Granuloma anular
Granuloma anular é uma desordem inflamatória benigna comum, de etiologia não esclarecida e curso crônico, com diferentes variantes clínicas.
Etiopatogenia:Foi descrita pela primeira vez há mais de um século, em 1885, mas sua etiologia ainda permanece um enigma. Pode estar associada a doenças sistêmicas, principalmente endócrinas e auto-imunes, exposição solar e/ou tratamentos. Infere-se que poderia ser decorrente de reação auto-imune a algum estímulo. Há relatos de associação com diabetes melitus, podendo inclusive ser a primeira manifestação do DM, tireoidites auto-imunes, artrite reumatóide, sarcoidose, linfomas cutâneos ou sistêmicos, e infecções virais, como EBV, HIV, herpes, Hepatite C, dentre outros. Há relatos de surgimento de lesões também após vacinação BCG, e uso de medicações como paroxetina e biológicos anti-TNF. Recentemente, houve associação do granuloma anular com dislipidemia, devendo ser lembrada na pesquisa de investigação.
Epidemiologia: Predomina em crianças e adultos jovens, especialmente menores de 30 anos, e no sexo feminino.
Manifestações clínicas: Caracterizam-se por lesões anulares, compostas por anel de pápulas eritematosas firmes, que aumentam gradualmente e evoluem com clareamento central, principalmente em extremidades. As localizações mais comuns são pés, tornozelos, membros inferiores e superfície dorsal e lateral das mãos, mas pode atingir qualquer região.
Têm sido descritas vários subtipos clínicos:
-Localizado, o subtipo mais comum;
-Disseminado, cerca de 15% dos casos;
-Perfurante, forma rara, que se apresenta como pápulas umbilicadas, principalmente em dorso de mãos;
-Subcutâneo, predomina em crianças e se apresenta como nódulo subcutâneo ou dérmico;
-Eritematoso;
-Actínico de O´Brian, relacionado à exposição solar, que será descrito em capítulo a parte.
As formas atípicas da doença como o disseminado e o perfurante, podem estar associadas a AIDS.
Histologicamente se caracterizam por granulomas em paliçada com degeneração central do colágeno e rico em mucina.
O granuloma anular pode regredir espontaneamente em alguns meses a dois anos ou mais, dependendo da extensão do quadro. A forma localizada normalmente regride espontaneamente em meses ou poucos anos, enquanto a forma disseminada tende a ser mais persistente.
Tratamento:
O tratamento da forma localizada geralmente é desnecessário, exceto se solicitado por questões estéticas. Pode ser feito com corticosteróides intra-lesionais ou aplicados sobre a lesão, com ou sem oclusão.
Baseado na regressão espontânea após a biópsia, a realização de puncturas nas lesões também pode levar ao seu desaparecimento, assim como crioterapia com nitrogênio líquido.
Tacrolimus, pimecrolimus e imiquimod também são opções terapêuticas.
Há descrição de tratamentos para as formas localizadas, com resultados promissores em relatos de casos, com uso do excimer laser, 595nm pulsed dye laser e lasers fracionados.
Em casos mais extensos, como nas formas disseminadas, medicações orais podem ser necessárias, como isotretinoína, PUVA, dapsona, hidroxicloroquina, ésteres fumarínicos, iodeto de potássio e medicações anti-TNF.