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Exantema Virais

O exantema configura-se como um eritema generalizado, de duração relativamente curta, podendo ser morbiliforme ou rubeoliforme quando há áreas de eritema entremeadas com áreas de pele sã ou escarlatiniformequando é difuso e uniforme.

O exantema infeccioso é uma erupção cutânea generalizada, associada à infecção sistêmica primária. Em geral vem acompanhado de enantema que corresponde à manifestação do eritema na mucosa oral.
O diagnóstico habitualmente baseia-se na história e nos achados clínicos. É importante destacar o diagnóstico diferencial com os exantemas medicamentosos. Destacamos a rubéola, o sarampo, o exantema súbito, o eritema infeccioso e a dengue.

RUBÉOLA

Doença infectocontagiosa causada por um vírus RNA da família Togaviridae, caracterizada pela tríade febre, exantema e linfadenopatia. A transmissão ocorre de 6 dias antes até 5 dias depois do surgimento do rash. O exantema aparece 16 a 18 dias após o contágio direto ou inalação do vírus, iniciando-se na face, descendo até o pescoço, tronco, braços e pernas. É macular, pálido e apresenta lesões menores e mais regulares que o sarampo.

A doença pode cursar, no entanto, de forma inaparente em até 25% (30%) dos casos. Em adolescentes e adultos, o exantema pode ser mais intenso, maculopapular e até confluente em alguns casos, lembrando o sarampo. Nestes casos pode ocorrer descamação final, o que não é freqüente. Os pródromos costumam desaparecer nos primeiros dias do exantema sendo mais intensos em adolescentes e adultos (febre baixa, cefaléia, anorexia, conjuntivite, coriza e tosse). As vezes, podem ser vistas máculas eritematosas ou petéquias no palato ou úvula (Sinal de Forscheimer).Os linfonodos apesar de universalmente atingidos apresentam sua maior expressão na região subocciptal, retroauricular e cervical, podendo persisitir palpáveis por várias semanas.

Merece destaque especial a rubéola congênita ou pré-natal pelo risco de embriopatia, tanto maior, quanto mais precoce a infecção na gravidez. Cerca de 50% das mulheres que apresentam rubéola no 1O trimestre da gravidez terão filhos com anomalias congênitas.
A sorologia para rubéola por hemaglutinação quando mostra anticorpos da classe IgG indica imunidade ativa e infecção aguda quando os anticorpos encontrados são anti-IgM.

O diagnóstico diferencial é feito com: Sarampo onde temos manchas de Koplik, erupção de cor viva, com 6 dias de duração e descamação final; Exantema súbito que ocorre em crianças de 6 a 18 meses de idade e após queda brusca da febre, surge exantema fino com 2 a 3 dias de duração; Eritema infecciosoque habitualmente é sem pródromos, tendo a face esbofeteada e um exantema rendilhado, predominando nas áreas expostas dos braços; Escarlatina que tem amigdalite purulenta, exantema fino com reforço nas dobras e palidez perioral.

O tratamento é sintomático. Alguns trabalhos sugerem que a vacina MMR cause autismo.

SARAMPO

Doença altamente contagiosa causada por paramixovírus, sendo uma das principais causas de óbito em crianças de 1 a 4 anos de idade. Caracteriza-se por febre, tosse, coriza, conjuntivite, exantema maculopapular confluente e um enantema patognomônico.

O contágio ocorre por inalação ou contato com as partículas do vírus que o doente elimina de 2 dias antes até 4 dias após o surgimento do rash. O período de incubação é de 8 a 12 dias, sendo os pródromos marcantes e com duração de 3 a 5 dias (febre alta, mal-estar, coriza, conjuntivite, tosse e inapetência). Dois dias antes do final do período prodrômico podem ser observadas na face interna das bochechas oposta aos dentes pré-molares pequenos pontos brancos, algo elevados, com halo eritematoso chamados manchas de Koplik, características da doença.

A seguir o exantema morbiliforme que se inicia na região retroauricualr se espalha para face, pescoço, tronco e extremidades. A febre alta não regride com o aparecimento do exantema, ou até se eleva, o que é importante no diagnóstico diferencial com outras doenças exantemáticas. A partir do terceiro (quinto) dia do seu início, o exantema tende a esmaecer, com descamação fina e furfurácea, na mesma ordem em que apareceu. A persistência da febre daí por diante, leva a forte suspeita de complicação da doença como otite, pneumonia, encefalite e miocardite. Em crianças desnutridas, o exantema leva um tempo mais longo para desaparecer, durando mais de 10 dias em alguns casos. A linfadenopatia é manifestação comum no sarampo, com localização predominantemente cervical e occiptal. Uma complicação tardia é a panencefalite esclerosante subaguda.

O diagnóstico diferencial do sarampo pode ser feito com praticamente todas as doenças que apresentam exantema maculopapular.

O tratamento é sintomático. A vacinação é eficaz, sendo feita com vírus atenuado entre os 15 e 18 (12 a 15) meses de vida, evitando assim que anticorpos maternos, caso existentes, possam interferir na resposta imunitária. Uma segunda dose deve ser dada entre os 4 e 6 anos de idade.

EXANTEMA SÚBITO

Doença infectocontagiosa benigna causada mais comumente pelo herpesvirus humano 6 (HHV6), e também pelo HHV7, sendo comum na infância e acometendo principalmente a faixa etária de 6 meses a (3) 4 anos. O HHV6 possui duas variantes genéticas e fenotípicas, HHV6A e HHV6B, sendo este último o mais comum. Recebeu várias denominações tais como: “roseola infantum”, sexta doença, pseudo-rubéola, febre dos três dias, exantema crítico e exantema súbito.

Incide mais no verão e tem baixa contagiosidade. O período de incubação varia entre 5 a 14 (9-10) dias. O quadro clássico cursa com aumento abrupto de temperatura (38 – 400 C) (40-40.50C), febre persistente que continua por 3 a 4 dias, quando então desaparece em crise (lise ou defervescência). Neste período o exame físico é inexpressivo com freqüente adenopatia subocciptal e cervical posterior, chamando atenção o estado geral preservado da criança. A erupção cutânea aparece normalmente após o término do período febril ou até 24 horas após a sua remissão.

São máculas ou maculopápulas róseas de 2 a 3 mm, que caracteristicamente iniciam-se no tronco estendendo-se para o pescoço, nuca, face e raízes dos membros. Um enantema de pápulas vermelhas no palato mole e úvula pode ser visto (mancha de Nagayama). A duração do exantema é, em média de 1 a 2 dias, podendo eventualmente durar horas ou passar desapercebido. O exantema não é recorrente, nem pruriginoso, nem há descamação da pele ou enantema. A complicação mais freqüente é a convulsão febril.

O diagnóstico diferencial é feito com as demais doenças exantemáticas (sarampo, rubéola, eritema infeccioso, escarlatina, etc) e hipersensibilidade a drogas.

ERITEMA INFECCIOSO

Doença infectocontagiosa sazonal que acomete crianças em idade escolar, conhecida também como a quinta doença. É causada por um vírus DNA oParvovirus B19. Descrita em todo mundo, a doença afeta principalmente crianças entre 5 e 14 anos, com igual distribuição entre os sexos e uma incidência maior no inverno e primavera.

O primeiro sintoma costuma ser o exantema, mas em 20 a 60% dos casos pode existir pródromos leves como mal-estar, dor de garganta e febre baixa. Tipicamente, o exantema inicia-se nas regiões malares, onde é confluente, edematoso e eritematoso, dando a impressão de face esbofeteada. Em 1 a 4 dias se espalha para o tronco e membros, agora com aspecto maculopapular, envolvendo grande extensão da pele; o posterior clareamento de áreas centrais dá a ele seu padrão rendilhado característico. Após 3 semanas o quadro regride mas pode recorrer por exposição a luz, temperatura e variações no estado emocional. Após o quadro cutâneo 7% das crianças e 80% dos adultos apresentam quadro de artralgia com duração de semanas a meses.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com os outros exantemas virais, principalmente a rubéola e com formas agudas de LE e dermatomiosite, quando há sintomas articulares.

DENGUE

Doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, causada por vários vírus RNA da família Togaviridae. O período de incubação é de 2 a 7 dias. Há a forma clássica e a hemorrágica.

O dengue clássico se expressa por febre, mal-estar, cefaléia, erupção cutânea, artralgias, mialgia, linfadenopatia e às vezes prostração. As lesões cutâneas surgem nos joelhos e cotovelos e em 2 ou 3 dias constituem um exantema morbiliforme ou escarlatiniforme. A evolução é benigna com remissão em 1 semana.

O dengue hemorrágico apresenta-se com petéquias, epistaxes, gengivorragias, hematêmese e outros sangramentos em cavidades e, em algumas ocasiões choque, neste caso com elevada mortalidade, de até 44%.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com a influenza, hepatite, leptospirose e doenças virais capazes de dar febre e erupção. A púrpura trombocitopênica idiopática e a púrpura anafilactóide de Henoch-Schöelein devem ser consideradas.

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