Doença de Peyronie
18/02/2025
A doença de Peyronie é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento de tecido cicatricial fibroso no interior do pênis, na túnica albugínea, resultando em curvatura e, em alguns casos, dor durante as ereções. Ela se manifesta normalmente depois dos 50 anos e acomete cerca de 10% da população masculina mundial.
Etiologia. Acredita-se que a doença de Peyronie surja de cicatrizes exuberantes em resposta a trauma peniano em homens geneticamente predispostos, o que explica a prevalência de casos em pacientes com histórico familiar. Após o microtrauma, ocorre o depósito de colágeno na túnica albugínea do corpo cavernoso. Ademais, após um estudo realizado na Holanda, para 730 homens com doença de Dupuytren, a taxa de prevalência relatada pelos cirurgiões da doença de Peyronie foi de 7,8%, o que pode indicar uma relação entre essas duas patologias. Embora não seja completamente conhecida a causa da doença de Peyronie, estudos estão mostrando que existe uma associação dela com hipertensão, diabetes, dislipidemia, doença cardíaca isquêmica, doença autoimune, disfunção erétil, tabagismo, consumo de álcool, baixos níveis de testosterona e histórico de cirurgia pélvica.
Manifestações Clínicas e Diagnóstico. Os sintomas podem incluir uma combinação de curvatura peniana, placa palpável, ereções dolorosas e disfunção erétil. A doença de Peyronie pode ter um grande impacto na qualidade de vida do paciente e gerar malefícios psicológicos. No curso da doença, duas fases podem ser discernidas: na primeira fase ativa há curvatura peniana com ereções dolorosas; a segunda fase estável é caracterizada pela curvatura indolor do pênis. O diagnóstico pode ser feito por meio de uma combinação de história clínica, exame físico e, às vezes, modalidades de imagem, podendo ser utilizada a ressonância magnética. A curvatura peniana se resolve espontaneamente (3%–13%), torna-se permanente (36%–67%) e progride em (21%–48%) dos casos. Ereções dolorosas estão presentes em 20% a 70% dos casos e tendem a desaparecer ao longo de 12 meses em 90% dos pacientes. A disfunção erétil está frequentemente presente em até metade dos casos (8%–52%) e a contratura de Dupuytren é relatada em 4% a 26% dos pacientes.
Tratamento. Embora o tratamento padrão da doença de Peyronie seja a cirurgia na fase estável, o tratamento não operatório é preferido por alguns homens e é a única opção de tratamento na fase aguda da doença, quando a cirurgia é contraindicada. Nenhuma terapia oral ou tópica demonstrou ser eficaz quando administrada isoladamente, mas algumas evidências apoiam seu uso como parte de um regime de terapia combinada. As terapias intralesionais, particularmente a colagenase de Clostridium histolyticum (CCH), aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2013, mostraram-se promissoras. A pentoxifilina pode ser de ajuda. As terapias mecânicas podem trazer benefícios quando aplicadas por períodos prolongados de tempo, melhorando a curvatura peniana, o recuo e até mesmo restaurando o comprimento. Independentemente da modalidade escolhida, o aconselhamento ao paciente é primordial, como a recuperação do pênis ao seu estado pré-doença é altamente improvável. Assim, embora existam muitas opções para o tratamento não cirúrgico da doença de Peyronie, a cirurgia continua sendo a melhor opção para homens que desejam o caminho mais confiável e rápido para um pênis funcionalmente reto e ereto. O objetivo da terapia não cirúrgica deve ser uma abordagem cientificamente viável e segura para prevenir a progressão ou reduzir a deformidade e melhorar a função sexual.
A terapia por ondas de choque extracorpórea pode ser benéfica no manejo da doença de Peyronie para dor peniana refratária e redução do tamanho da placa. No entanto, a dor peniana geralmente se resolve espontaneamente ao longo do tempo, e a terapia por ondas de choque pode representar um encargo financeiro substancial para os pacientes. Um estudo controlado randomizado multi-institucional com padronização de métodos e critérios de inclusão rigorosos em relação à duração da doença seria benéfico para determinar a verdadeira eficácia da terapia por ondas de choque na doença de Peyronie. As principais opções cirúrgicas (para casos graves) são:
o Incisão ou excisão da placa: Remoção do tecido cicatricial.
o Prótese peniana: Para homens com doença de Peyronie e disfunção erétil.
o Plicatura: Suturas para endireitar o pênis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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