top of page

Dermatite Seborreica

23/01/2025

A dermatite seborreica (DS) ou eczema seborreico é uma desordem crônica, recorrente, caracterizada por lesões eritematosas bem demarcadas, recobertas por escamas graxentas, distribuida nas áreas ricas em glândulas sebáceas como o couro cabeludo, face, parte superior do tronco e, eventualmente, as flexuras.

Epidemiologia e etiopatogenia. Até 3 % na população geral, incidindo mais em adultos jovens do sexo masculino. A incidência em aidéticos varia de 20 a 83%, sendo a DS um marcador precoce das infecções por HIV, e sua exacerbação expressa a progressão do quadro infeccioso, presumivelmente pela proliferação do P. ovale secundária a imunossupressão. A seborreia é um fator predisponente básico, mas a composição do sebo não está alterada.

A estimulação das glândulas sebáceas pelos andrógenos maternos explica a dermatite seborreica do lactente, que desaparece com a parada do estímulo androgênico após alguns meses, só voltando a se manifestar na puberdade. De todos os fatores envolvidos, o Pityrosporum ovale (Malassezia furfur) parece ser o fator etiológico principal, colonizando de forma abundante as escamas e a pele dos pacientes com dermatite seborreica.

Estes pacientes estão mais sujeitos a infecções bacterianas e a injúrias físicas e químicas, estas últimas se traduzindo por uma maior incidência de dermatites de contato. A DS é mais comum em algumas doenças como: isquemia miocárdica, doença de Parkinson, pancreatite alcoólica e diabetes. Parece piorar com calor, umidade e o uso de roupas como lã e flanela que retêm sebo e suor. A tensão emocional é um fator agravante quase sempre constante.

Baixos níveis de vitamina D podem contribuir para o desenvolvimento da dermatite seborreica.

Manifestações clínicas. As lesões se desenvolvem nas áreas ricas em glândulas sebáceas, especialmente, o couro cabeludo, regiões retroauriculares, orelhas, porção mediofacial da face envolvendo glabela, sulcos nasogenianos e região mentoniana. Tende a comprometer as regiões pilosas acometendo supercílios, cílios (blefarite seborreica), pelos da barba, axilas e região pubiana. No tronco é comum na região pré-esternal, interescapular, umbilical, região perineal e anal.
Geralmente são lesões eritematodescamativas, com áreas eczematizadas, podendo haver elementos maculares hipocrômicos. O prurido é quase sempre ausente ou discreto, exceto nas lesões do couro cabeludo. A caspa parece ser uma forma precursora e branda da dermatite seborreica no couro cabeludo.

A foliculite pitirospórica é outra manifestação que pode ser encontrada na face posterior do tórax. Nos casos mais graves tende a generalizar-se com “rash” cutâneo e eritrodermia. A pseudotinha amiantácea corresponde a uma variação da DS onde as escamas, muito gordurosas e espessas, formam uma placa que adere aos pêlos do couro cabeludo. Quadros atípicos ocorrem quando há concomitância ou superposição de dermatite atópica ou psoríase. Para as lesões de transição entre a DS e a psoríase usa-se a expressão seboríase.

No lactente, surge nos primeiros meses de vida, comprometendo o couro cabeludo, a crosta láctea, sem afetar o pelo. As áreas intertriginosas e de dobras são acometidas, particularmente a área da fralda, onde pode haver complicação pela C. albicans. Quando a DS do lactente assume aspecto eritrodérmico, acompanhada de diarréia, vômito, febre e anemia caracteriza-se a doença de Leiner. A causa é a deficiência de C5.

Tratamento. No couro cabeludo removem-se as escamas com óleo mineral, complementando-se com soluções antissépticas como o KMnO4 a 1:10.000. Xampus à base de sulfeto de selênio, piritionato de zinco, octopirolamina, derivados de alcatrão e cetoconazol são usados com boas respostas. Os inibidores da calcineurina como o pimecrolimus e o tacrolimus podem ser de ajuda. Nos casos mais graves, do couro cabeludo ou corpo, corticosteroide em creme associado a um antibacteriano ou antifúngico, quando diante de eritema intenso e somente por alguns dias. Deve-se associar antifúngico sistêmico, como os derivados azólicos, visando diminuir a população de Malassezia furfur. Nos casos severos e de eritrodermia, o corticosteroide sistêmico pode ser preconizado, assim como a tetraciclina e a isotretinoína, pelos seus efeitos sobre as glândulas sebáceas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Nutrition, Obesity, and Seborrheic Dermatitis: Systematic Review. Emily Woolhiser, Noah Keime, Arya Patel, Isaac Weber, Madeline Adelman, Robert P Dellavalle. JMIR Dermatol. 2024; 7: e50143.

2. Serum Levels of 25-Hydroxyvitamin D in Patients with Seborrheic Dermatitis: A Case-Control Study
Siavash Rahimi, Negar Nemati, Seyedeh Sareh Shafaei-Tonekaboni. Dermatol Res Pract. 2021; 2021: 6623271.

3. An Overview of the Diagnosis and Management of Seborrheic Dermatitis. Federica Dall’Oglio, Maria Rita Nasca, Carlo Gerbino, Giuseppe Micali. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2022; 15: 1537–1548.

4. Dermoscopic Findings in Scalp Psoriasis and Seborrheic Dermatitis; Two New Signs; Signet Ring Vessel and Hidden Hair. Melike Kibar, Şebnem Aktan, Muzaffer Bilgin. Indian J Dermatol. 2015 Jan-Feb; 60(1): 41–45.

5. The Efficacy and Safety of Pimecrolimus in Patients With Facial Seborrheic Dermatitis: A Systematic Review of Randomized Controlled Trials. Odeh Alsmeirat, Som Lakhani, Musab Egaimi, Osama Idris, Mohamed Elkhalifa. Cureus. 2022 Aug; 14(8): e27622.











bottom of page