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Chikungunya

A febre Chikungunya é uma doença viral que tem sido associada a frequentes surtos em países tropicais da África e Sudeste Asiático, mas recentemente se tornou uma preocupação em países ocidentais e zonas temperadas em todo o mundo. É transmitida aos seres humanos por picadas de mosquitos que pertencem ao gênero Aedes.

O nome é derivado de uma língua africana que significa “aquilo que se dobra” devido à artralgia incapacitante causada pela doença. Epidemiologia. Surtos da doença chikungunya ocorreram na África, Ásia, Europa e ilhas nos oceanos Índico e Pacífico e, mais recentemente, nas Américas. A maioria dos surtos ocorre durante a estação chuvosa tropical e diminui durante a estação seca. É transmitida pelos mosquitos vetores Aedes aegypti e Aedes albopictus e os viajantes infectados podem importar chikungunya para novas áreas.

Fisiopatologia. A fisiopatologia exata do vírus ainda continua a ser investigada. Estudos demonstram que a infecção pelo vírus provoca forte imunidade inata com produção abundante de marcadores pró-inflamatório e citocinas, incluindo altos níveis de interferon alfa, interleucina (IL) -4, IL10 e interferon-gama. Por análise citométrica de fluxo, também demonstraram que os seres humanos apresentam uma resposta linfocítica CD8 + nos estágios iniciais e uma resposta predominante de CD4 + nos estágios finais. Mais importante ainda, descreveram uma apoptose baseada em CD95 de linfócitos CD4 + que poderia explicar parcialmente a linfopenia nesses pacientes. Manifestações clínicas.

A infecção por Chikungunya é caracterizada por poliartralgia intensa, artrite e tenossinovite. Após um período de incubação de 3 a 7 dias, as manifestações clínicas começam abruptamente com febre e mal-estar. A duração da doença aguda é geralmente de 7 a 10 dias. A febre pode ser alta (> 39ºC) com duração habitual entre 3 a 5 dias. A poliartralgia começa de 2 a 5 dias após o início da febre e comumente envolve múltiplas articulações. É geralmente bilateral e simétrica e envolve mais as articulações distais, sendo mais afetadas mãos, punhos e tornozelos.

O envolvimento do esqueleto axial foi observado em 34-52% casos. As manifestações cutâneas foram relatadas em 40-75% dos pacientes e a mais comum é a erupção cutânea macular ou maculopapular. Geralmente aparece a partir do terceiro dia de doença e tem duração de três a sete dias. A erupção muitas vezes se inicia em membros e tronco e pode envolver o rosto, sendo irregular ou difusa. O prurido esteve associado em 25-50% dos pacientes em alguns estudos. Manifestações adicionais podem incluir cefaleia, mialgia, edema facial e sintomas gastrointestinais.

As manifestações dermatológicas atípicas incluem: lesões cutâneas bolhosas (mais frequentes em crianças) e hiperpigmentação. As manifestações hemorrágicas são incomuns. Diagnóstico. A definição de caso de febre Chikungunya, conforme proposto pela OMS inclui: – caso suspeito: paciente com início agudo de febre, geralmente com calafrios, com duração de 3 a 5 dias e dor em múltiplas articulações, além de edema nas extremidades que podem continuar por semanas a meses. – caso provável: é caracterizado por condições que suportam um caso suspeito junto com uma das seguintes condições: História de viagem ou residência em áreas que relatam surtos Capacidade de excluir a malária, a dengue e qualquer outra causa conhecida de febre com dores nas articulações. – caso confirmado: detecção do RNA viral de chikungunya por meio da reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa em tempo real (RT-PCR) ou da sorologia para vírus chikungunya.

Paciente com 1 a 7 dias após o início dos sintomas devem realizar RT-PCR para detecção do RNA do vírus; um resultado positivo estabelece o diagnóstico de infecção. Um resultado negativo deve levar a realização do teste sorológico ELISA ou anticorpo fluorescente indireto (IFA). Paciente que apresentam ≥8 dias após o início dos sintomas, o teste sorológico via ELISA ou IFA deve ser realizado. Um resultado positivo estabelece o diagnóstico da infecção. As alterações laboratoriais mais comuns são a linfopenia e a trombocitopenia. As transaminases hepáticas e creatinina podem estar elevadas.

Diagnóstico diferencial. Devem-se levar em consideração no diagnóstico diferencial outras causas virais de artrite, tais como: dengue, zika vírus, parvovirose, rubéola, sarampo. Infecções parasitárias como malária e infecções bacterianas, por exemplo, leptospirose, infecções por estreptococos do grupo A, infecção meningocócica.

Tratamento. Não há terapia antiviral específica para infecção aguda pelo vírus chikungunya. O tratamento durante a fase aguda consiste em cuidados de suporte e pode incluir repouso, fluidos e uso de paracetamol ou AINEs para aliviar a dor aguda e febre. Em pacientes com sintomas articulares que persistem na fase pós-aguda (entre primeiro mês e até o final do terceiro mês após o início da infecção), o tratamento inclui analgesia contínua e AINEs.

Benefício analgésico adicional pode ser fornecido pelo uso de medicamentos para dor neuropática, como pregabalina ou gabapentina. Nos pacientes resistentes a AINEs, um ciclo curto de glicocorticoides sistêmicos (10 mg de prednisona) durante cinco dias pode ser benéfico. Os doentes com manifestações clínicas que persistam por mais de três meses devem ser encaminhados para um reumatologista, pois podem precisar de drogas antirreumáticas modificadoras da doença (metotrexato).

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