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Celulite e Erisipela

A celulite é uma infecção do tecido conjuntivo frouxo que compromete mais a hipoderme que a derme. Caracteriza-se por eritema difuso com bordas mal delimitadas, edema e dor. Celulite severa pode evoluir para bolhas e necrose dérmica, particularmente nas regiões orbitais e periorbitais.

A erisipela é considerada uma celulite superficial que atinge a derme e a parte superior do tecido celular subcutâneo, com proeminente envolvimento linfático e bordas nitidamente delimitadas. Muitas vezes é bastante difícil diferenciar clinicamente a erisipela da celulite. Atualmente, a erisipela e a celulite são consideradas variantes da mesma infecção bacteriana e requerem o mesmo tratamento.

Parece haver um predomínio maior no sexo feminino, sendo mais freqüente nos indivíduos acima de 50 anos de idade. Acomete perto de 1 a 2 pessoas em cada 1000 por ano.

Na maioria dos casos de celulite e erisipela a responsabilidade é do estreptococo beta-hemolítico do grupo A, mas também pode ser causada por bactérias dos grupos B, C e G. Raramente, pode ser causada por estafilococos. As complicações locais como abscessos e bolhas normalmente são devidas ao estafilococo, incluindo cepas meticilino-resistentes. Em crianças abaixo de três anos a celulite da face pode ser causada pelo Haemophilus influenzae.

É muito importante verificar a “porta de entrada” por onde deve ter penetrado a bactéria. As mais freqüentes são: tinea pedis, úlceras, eczemas, psoríase e traumatismo local. Relatos demonstram que muitas vezes, perturbações circulatórias locais, diabetes, alcoolismo e imunodeficiência são os principais fatores predisponentes da erisipela.

Em 85-90% dos casos a erisipela acomete os membros inferiores, mas pode atingir outras partes como a face e o abdome. É freqüente o aparecimento abrupto de febre elevada e calafrios, antes mesmo de qualquer outra manifestação. Em seguida, o local atingido torna-se avermelhado, edemaciado, doloroso e com calor local. Pode acontecer a formação de grandes bolhas. Ocorrem adenopatias regionais, manifestações gerais de infecção e leucocitose. A celulite e a erisipela podem se repetir frequentemente levando à chamadaelephantiasis nostras por linfedema crônico.

O antibiótico de escolha para o tratamento da crise de erisipela é a penicilina. Utiliza-se a penicilina procaína, intramuscular, de 12 em 12 horas por 10 dias. Nos casos mais severos podemos usar a penicilina cristalina, na dose de 50.000 a 100.000 unidades/Kg/dia, por via endovenosa, de 4 em 4 horas. Nos casos de alergia à penicilina, usam-se os macrolídeos como a eritromicina ou clindamicina. Para prevenir ou evitar a recorrência da erisipela, administramos a penicilina benzatina de 21 em 21 dias, durante um a dois anos, ou de forma contínua nos casos de alta recorrência. Terapia anticoagulante deve ser considerada se existe tromboflebite associada.

Pacientes que apresentam o primeiro episódio de erisipela mostram sinais de comprometimento linfático pré-existente no outro membro, clinicamente não-afetado. Isto significa que uma disfunção linfática subclínica de ambas as pernas pode ser um importante fator predisponente. Assim, recomenda-se que o tratamento da erisipela deve ser focado não somente na infecção como também nos aspectos linfáticos e, tratamento prolongado para o linfedema é essencial para prevenir as recorrências de erisipela e o agravamento do comprometimento linfático pré-existente. Recorrência após tratamento antibiótico ocorre em 18-30% dos casos.

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